Notas
Notas breves sobre alguns erros comuns de escrita relacionados com materiais e análise laboratorial. A desenvolver, quando tiver tempo. Alguns assuntos são abordados de forma mais desenvolvida em "Metodologia e linguagem de trabalhos académicos".
Um material é quimicamente constituído por elementos químicos ou por compostos químicos e numa análise química elementos ou compostos são identificados ou quantificados através dessa análise. O que é objecto de análise é o material ou a obra que é feita desse material. Portanto, os elementos ou os compostos químicos estão relacionados com o resultado da análise e não são o objecto de análise.
Para a camada de natureza argilosa e cor avermelhada que em pinturas e esculturas geralmente se encontra sob a folha de ouro deve usar-se a designação bolo, bolo arménio ou bolo da Arménia, tal como há muito tempo está registado nos textos de natureza técnica, e não os nomes bolus e bólus e outras variantes destes, de origem desconhecida.
O carbonato de cálcio usado como carga, por exemplo, na preparação de uma pintura, em português é frequentemente designado por cré. Mas o cré é um substantivo masculino e não feminino como o equivalente francês (craie).
Nalguns métodos de análise, como, por exemplo a espectrometria de fluorescência de raios X, a radiação emitida ou reflectida (conforme o método), é analisada, ou seja, é decomposta, de modo a se obter um espectro. Esta análise pode ser efectuada com base no comprimento de onda da radiação ou na sua energia. Neste caso a radiação é dispersa segundo a sua energia e, por isso, o método é dispersivo de energia (e não de energia dispersiva). Quanto à energia, é apenas energia.
Sobre este assunto está uma nota mais desenvolvida aqui.
Nalguns métodos de exame ou de análise um material é exposto a uma fonte de radiação, absorve essa radiação e de imediato emite radiação menos energética. Esse fenómeno é designado por fluorescência, termo que surge em fotografia de fluorescência de ultravioleta e espectrometria de fluorescência de raios X. A efluorescência costuma observar-se na pedra e em argamassas e corresponde aos cristais formados por precipitação a partir dos sais dissolvidos na água que circula pelos poros da pedra e das argamassas.
Os elementos químicos não são nem orgânicos nem inorgânicos, são apenas elementos químicos. A natureza orgânica ou inorgânica é algo que diz respeito aos compostos e depende dos elementos químicos que os constituem compostos e da forma como os elementos químicos se organizam nas moléculas ou outras unidades estruturais desses compostos.
Ver dispersiva (energia), KeV e KV, kV.
De acordo com as regras do Sistema Internacional de Unidades, deve existir um espaço entre o número e o símbolo da respectiva unidade. As únicas excepções ocorrem para algumas unidades de ângulo, designadamente grau, minuto e segundo, casos em que o símbolo encosta ao número. Portanto, deve escrever-se, por exemplo, 20 cm, 15 % e 25 ºC e não 20cm, 15% e 25ºC.
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Ver dispersiva (energia), KeV e KV, kV, raios-X.
Alguns métodos de análise causam danos às obras porque apenas podem ser usados com fragmentos (amostras) que é necessário retirar das obras. Portanto, esses métodos agridem as obras e implicam uma penetração nestas, o que faz que sejam métodos invasivos.
Graffiti é um termo inglês, com origem italiana, que designa inscrições ou desenhos (no plural) ilicitamente feitos sobre uma superfície de um edifício ou obra pública. O singular é graffito. Portanto, se com graffitis se pretende designar várias dessas marcas, o termo a usar será graffiti. Em português, no entanto, já são comuns os termos grafito e grafitos.
O k é um símbolo que no Sistema Internacional de Unidades corresponde a um prefixo que significa mil vezes. Pode ser usado com qualquer unidade, mas sempre em minúscula. Portanto, keV e kV e não KeV nem KV.
A propósito de diversos equipamentos e de diversos métodos que utilizam os raios X é habitual registar-se a diferença de potencial a que são sujeito os electrões que estão na origem dos raios X. Quanto maior é essa diferença de potencial, geralmente expressa em quilovolt (kV), maior é a energia dos raios X resultantes, expressa geralmente em quiloelectrão-volt (keV), mas a energia não se pode exprimir em kV. Portanto, ou a diferença de potencial é, por exemplo, de 20 kV ou a energia dos raios X é de 20 keV (em qualquer um dos caso o k é minúsculo).
Se luz rigorosamente é a radiação electromagnética que nós vemos, não há nem luz infravermelha nem luz ultravioleta. Há, isso sim, radiação infravermelha e radiação ultravioleta.
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Rigorosamente, luz corresponde à radiação electromagnética que nós vemos. Portanto, a luz é sempre visível e luz visível é um pleonasmo. Pode-se optar, no entanto, entre luz e radiação visível.
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Ver peso.
Com alguma frequência, embora não tanto como no passado, dimensões lineares muito reduzidas surgem expressas em "micras" ou "mícron" para as quais é usado o símbolo µ, ou seja, a letra grega "miu", a que supostamente corresponde um milésimo de milímetro. Porém, de acordo com o Sistema Internacional de unidades, este símbolo não representa uma unidade, mas é antes um prefixo que se pode aplicar a uma qualquer unidade, formando o conjunto uma unidade um milhão de vezes inferior à unidade inicial ou principal, aquela a que foi aplicado o tal prefixo. Portanto, onde se refere uma partícula com diâmetro de 10 μ correctamente deveria mencionar-se uma partícula com diâmetro de 10 μm.
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Numa balança fazem-se pesagens, mas o que geralmente se determina dessa forma é a massa e não o peso. A massa é uma grandeza que se exprime em gramas ou em qualquer múltiplo ou submúltiplo desta unidade. O peso é uma grandeza de natureza diferente, corresponde a uma força e exprime-se em Newtons.
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Ver dispersiva (energia), luz infravermelha e luz ultravioleta, luz visível, raios-X.
Ver raios X (fazer).
Embora em inglês se escreva X-rays, em português escreve-se raios X (sem hífen).
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Os raios X são um tipo de radiação electromagnética que é usado em diversos métodos de exame e análise, como, por exemplo, na radiografia. Neste método os raios são usados para a obtenção de uma imagem, pelo que obter uma radiografia não é o mesmo que "fazer um raios X". Os raios X são "feitos" no tubo ou ampola de raios X que constitui a fonte de radiação à qual é exposta a obra a radiografar.
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