António João Cruz, "Os painéis de Tavira: vicissitudes de quatro pinturas sobre madeira encontradas, em 1945, na ermida de São Pedro", in Jorge Queiroz (ed.), A Principal do Reino do Algarve. Tavira nos Séculos XV e XVI, Museu Municipal de Tavira, Tavira, 2020, ISBN 978-972-8705-58-9, pp. 223-233 | |
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Resumo | Desde há alguns anos que numa das paredes da igreja de Santiago, de Tavira, se encontram dois conjuntos de pinturas sobre madeira com representações de quatro santos: de um lado, São Pedro e São Brás; do outro, São Vicente e São João. Estes conjuntos, no entanto, resultam apenas dessa disposição na parede, pois não há coerência cronológica entre as obras de cada par ainda que as quatro pinturas estejam profundamente relacionadas e tenham uma história comum. Com efeito, a situação resultou de um complexo, hesitante e discutível restauro realizado em meados do século XX em que os quatro painéis de um retábulo do século XVI da igreja de Santa Maria do Castelo foram transformados em duas pinturas do século XV (São João e São Pedro) e duas do século XVI (São Vicente e São Brás). Nas primeiras foram eliminadas as pinturas quinhentistas deixando expostas obras quatrocentistas com os mesmos temas que existiam subjacentes, enquanto nas outras não foi efectuada essa operação e sob as pinturas quinhentistas que hoje observamos permanecem outras mais antigas. Ainda que apresentem características arcaizantes e não tenham especial merecimento artístico, os quatro painéis são importantes por integrarem o reduzido grupo de pinturas portuguesas conhecidas do século XV e, por essa razão, serem relevantes documentos históricos. Além disso, devido ao processo de restauro, constituem-se como um caso deveras interessante na história da defesa e valorização do Património Cultural em Portugal. Finalmente, o estudo laboratorial a que foram sujeitos ao longo de algumas décadas igualmente justifica atenção pelos desenvolvimentos inesperados que teve. |
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