A dessacralização de um biombo com características orientais em madeira policromada revelada através do estudo laboratorial e as suas implicações na intervenção de conservação e restauro

Pag Ana Cristina Seco de Morais, António João Cruz, Carla Rego, "A dessacralização de um biombo com características orientais em madeira policromada revelada através do estudo laboratorial e as suas implicações na intervenção de conservação e restauro", ARTis ON, 5, 2017, pp. 67-75

 

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Resumo Durante uma intervenção de conservação e restauro, foi verificado que um biombo com características orientais em madeira policromada apresentava extensos repintes que, como se apurou através de imagens de infravermelho, pretenderam ocultar, nas pinturas de 12 cartelas, a origem ocidental das figuras e os símbolos cristãos. Originalmente estavam representados actos da vida de São Domingos de Gusmão e os repintes visaram a dessacralização do objecto, provavelmente durante o período em que o cristianismo foi proibido na China (de 1724 até à década de 1840). Esta dessacralização corresponde a um particular tipo de iconoclastia não intencional que não pretendeu atacar o que as imagens representavam, mas preservar a comunidade a que pertencia o biombo, a qual manteve as suas crenças religiosas, e o próprio objecto. A ponderação dos diversos aspectos relevantes levou à decisão de não remoção desses repintes, não obstante a sua natureza grosseira, devido ao seu valor histórico e documental.
Title The desacralization of a polychrome wooden folding screen with oriental features revealed trough the scientific study and its implications on the conservation- restoration treatment
Abstract During a conservation-restoration intervention, it was verified that 12 cartouches of a polychrome wooden folding screen with Oriental features had extensive repainting which, as was shown by infrared images, tried to conceal the western origin of the painted figures and the Christian symbols. Originally, acts of the life of St. Dominic of Guzman were depicted and the repaints, probably made in a period of time during which Christianity was banned in China (from 1724 until the 1840s), aimed the desacralization of the object. This desacralization corresponds to a particular type of unintentional iconoclasm which did not intend to attack what the images represented, but to preserve the community, which kept its religious beliefs, and the object itself. The detailed analysis of the issues posed by these repaints led to a decision that contemplates their maintenance, despite the crude nature of these additions, due to their historical and documental value.
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