António João Cruz, "Os pigmentos naturais utilizados em pintura", in Alexandra Soveral Dias, António Estêvão Candeias (org.), Pigmentos e Corantes Naturais. Entre as artes e as ciências, Évora, Universidade de Évora, 2007, ISBN 978-972-99959-5-8, pp. 5-23 | |
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Resumo | Desde há 30 mil anos que pigmentos naturais têm sido utilizados em pintura, mas já nas "Mais" antigas obras conhecidas foram usados juntamente com pigmentos artificiais, tal como acontece actualmente. De facto, ao contrário do que se poderia imaginar, a história dos pigmentos não é uma história linear que começa com materiais naturais e só tardiamente dá papel de relevo aos pigmentos artificiais. De qualquer forma, os antigos tratados de pintura sugerem que a origem natural ou artificial dos pigmentos não tem influenciado a escolha dos materiais. Por outro lado, mostram que os critérios em que assenta esta classificação têm variado ao longo do tempo. Do conjunto de pigmentos naturais com importância na história da pintura merecem destaque o azul ultramarino, o cinábrio, a azurite e a malaquite, a terra verde e os ocres. O azul ultramarino (obtido do precioso lápis-lazúli) e o cinábrio (sulfureto de mercúrio, de cor vermelha) foram considerados materiais de luxo e de prestígio, respectivamente, na Idade Média e na época romana, mas hoje não são utilizados tendo sido substituídos, já há alguns séculos, por outros pigmentos "Mais" económicos. A azurite (carbonato básico de cobre, de cor azul), a malaquite (composição semelhante, mas com cor verde) e a terra verde (argilas) foram usadas com alguma frequência na pintura mural e, no caso da primeira, na pintura a têmpera; o desenvolvimento da pintura a óleo e as vicissitudes da história política são algumas das razões que conduziram a uma perda da sua importância e, no caso da azurite e da malaquite, ao seu abandono. Os ocres (óxidos de ferro, de cor amarela, castanha ou vermelha) têm sido uma constante da paleta dos artistas; tiveram particular importância nos séculos XVII e XVIII quando contribuíram para que os pintores se pudessem considerar criadores como Deus. |
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